Eu e minha amiga também sentamos, e logo em seguida um homem velho, com o rosto cansado, triste, entrou na "casa-na-árvore" segurando as rédeas de um cavalo igualmente idoso e com aparência de acabado. O velho pediu licensa e a atenção de todos para fazer, junto com o animal, uma dança interpretativa.
Eu não entendi nada, então perguntei para a minha amiga o que aquilo significava. "Quando você está prestes à morrer" ela falou "tem que achar um cavalo que também está em seus últimos dias e fazer uma dança interpretativa em público, para se despedir desse mundo. É muito importante que seja um cavalo, pois ele é um animal forte, destemido, rápido, e que pode te conduzir e te proteger dos obstáculos até o outro mundo".
Eu assisti o resto da performance com muita pena, e quando esta terminou, me dirigi ao senhor, que estava acariciando o cavalo próximo à uma janela aberta. "Com licensa, mas... O senhor vai morrer?" perguntei. Nesse momento, o homem olhou para mim e sua pele foi tomando uma coloração azulada (como se estivesse congelando), e respondeu "Não... Eu já morri". E ele e o cavalo se jogaram, de costas, pela janela aberta.
Eu acordei chorando.
- Joana Uchôa
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